quinta-feira, 27 de março de 2014

Brasileiros relacionam estupro a comportamento da mulher, diz estudo

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27/3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou o que pensam alguns brasileiros sobre a violência sexual contra as mulheres.

O Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) foi realizado em 3.809 domicílios, em 212 municípios e abrangeu todas as unidades da federação.

A afirmação: "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", recebeu apoio de 65% dos entrevistados. Porém, residentes no Sul/Sudeste, jovens e pessoas com educação média e superior, apresentavam menores chances de concordar com isso, segundo a pesquisa.

Quase 3/5 dos entrevistados, 58%, concordaram, total ou parcialmente, que "se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros".

Quando questionados sobre a violência doméstica e relação entre casais, 91% dos entrevistados concordaram com a afirmação: "homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia". Além disso, 89% tenderam a discordar da afirmação: "um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher".

"Há algo aparentemente paradoxal no fato de parte expressiva dos entrevistados tender a concordar tanto com essas últimas sentenças [dos estupros] quanto com a que preconiza a prisão para o marido violento [...] No entanto, outros resultados da pesquisa, sugerem que a contradição se desfaz ao se considerar que a população ainda adere majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea, atualizada", revelou a pesquisa.

O Sips também mostrou um avanço da aceitação do princípio da igualdade de direitos de casais homossexuais e heterossexuais. Metade dos entrevistados concordaram total ou parcialmente com a afirmação: "casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais".

No entanto, ao serem questionados de forma mais incisiva, com: "o casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido", apenas 41% discordaram total ou parcialmente da afirmação.

De acordo com a pesquisa, os jovens (16 a 29 anos) apresentam tolerância maior à homossexualidade, e os idosos (60 anos ou mais) mostram-se mais intolerantes.

Características da população entrevistada (3810 pessoas)

A) Residentes no Sul ou Sudeste (sse): 56,7%
B) Residentes em áreas metropolitanas (metro): 29,1%
C) Pessoas jovens, 16 a 29 anos (jovem): 28,5%
D) Pessoas adultas, 30 a 59 anos: 52,4%
E) Pessoas idosas, 60 ou mais anos (idoso): 19,1%
F) Mulheres (fem): 66,5%
G) Brancos (branco): 38,7%
H) Católicos (cato): 65,7%
I) Evangélicos (evan): 24,7%
J) Demais religiões, ateus e sem religião: 9,6%
K) Menos que o ensino fundamental: 41,5%
L) Ensino fundamental (edufunda): 22,3%
M) Ensino médio (edumedia): 30,8%
N) Ensino superior (edusuper): 5,4%
O) Renda domiciliar per capita média: R$ 531,26

Fonte: Ipea/Sips

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