quarta-feira, 14 de maio de 2014

Nenhuma das nove mortes nos estádios da Copa teve os culpados apontados pela Justiça

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A 29 dias do início da Copa do Mundo, nenhuma das nove mortes em canteiros de obras para o evento teve desfecho que responsabilize alguém ou alguma empresa pela tragédia. Nos dois casos mais próximos de conclusão, ambos em Manaus, os inquéritos foram entregues à Justiça do estado e aguardam a decisão de juízes. Em outras quatro mortes, por outro lado, a investigação policial nem sequer está finalizada.

Dois inquéritos relacionados à Arena Amazônia foram concluídos. Apenas em um deles o laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil apontou negligência da empresa. O documento se refere à morte de Raimundo Costa, 49 anos, que caiu ao tentar passar de uma coluna de sustentação para o andaime. No caso de Marcleudo Ferreira, 22, vítima de uma queda da cobertura do estádio, o laudo constata que o operário não observou as normas de segurança, segundo a delegada Catarina Torres.

Embora a possibilidade de negligência do operário possa se confirmar, culpar a vítima pelo acidente é "uma hipótese cômoda", na opinião do professor de ciências penais Carlos Vasconcelos. "Em todo setor, pode haver negligência do funcionário, mas isso só pode ser afirmado depois de muito trabalho. Ele foi advertido, inclusive por escrito, antes? Era comum que outros operários não usassem capacete, por exemplo? Essas perguntas têm de ser respondidas", explica.

As mortes no Itaquerão continuam em investigação pela Polícia Civil. Em novembro de 2013, Ronaldo Oliveira, 43, e Fábio Pereira, 41, foram vítimas da queda de um guindaste, mas, quase seis meses depois, o caso ainda nem chegou À Justiça. De acordo com o delegado responsável, Luiz Antonio da Cruz, falta retorno do Ministério do Trabalho e do Corpo de Bombeiros. Para finalizar o caso da morte de Fábio da Cruz, 23, ocorrida em março deste ano, aguarda-se o resultado da perícia e de exames complementares.

O tempo necessário para a conclusão dos inquéritos causa discordância entre especialistas ouvidos pelo Correio. Para Vasconcelos, a demora pode indicar, no caso de delegados comprometidos, empenho em obter respostas. Com ponto de vista contrário, o advogado penal Ricardo Henrique Pinheiro afirma que não há justificativa para o prazo prolongado. "É inaceitável, mas essa é a realidade do Brasil. Muitas vezes, quando se oferece a denúncia, o crime está até prescrito", opina.

Leia a reportagem completa na edição impressa do Correio Braziliense.

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