quinta-feira, 18 de setembro de 2014

CARTA DE UM POLICIAL REVOLTADO COM O SISTEMA PENITENCIÁRIO DO MARANHÃO

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Imagem Ilustrativa









É com imenso desprazer que me sinto na obrigação ética, moral e profissional em comunicar o descontentamento dos policias militares que compõem a missão pedrinhas, missão que começou no final do ano passado perdura até hoje, em que policias militares das forças especiais do interior do estado ( força tática e goe) compõe uma força de apoio a segurança no interior dos presídios
MISSÃO DADA E MISSÃO CUMPRIDA.
Esse é nosso lema, seja qual for a missão, e é assim que sempre agimos, mesmo que cuidar dos presídios não seja função constitucional da nossa instituição. A meses temos evitando rebeliões e fugas em massa, e quando não conseguimos evitar a tempo, conseguimos restaurar a ordem, evitando que o prejuízo social seja maior. 
Como já disse antes, os policiais pertencentes à missão são oriundos do interior das mais diversas unidades, e vieram com a promessa de que as formalidades profissionais e legais fossem cumpridas. Foi- nos dito que as diárias seriam pagas regularmente e que teríamos condições de trabalho compatíveis com a problemática dos presídios. 
Pois bem, com relação as diárias , até que no começo foi tudo tranqüilo, com os atrasos mínimos de sete a dez dias. Mas a partir do mês de abril começaram os atrasos exagerados com os policiais chegando a ficar a mais de sessenta (600 sem receber que perdura até hoje. 
Pra se ter uma idéia da situação, a ultima vez que recebemos diárias foram as referentes aos dias 15 de julho ao dia 4 de agosto, lembrando que hoje já são 17 de setembro. Não entendo como podem está desrespeitando o decreto lei de diárias do estado de 2002, onde diz que o servidor público deve viajar já com suas diárias em conta, salvo em estado de emergência, onde as mesmas serão providenciadas no primeiro dia útil após a viagem. 
Vale lembrar que estamos fora de nossos domicílios, e que arcamos com toda a nossa alimentação,café da manhã, almoço e janta,pois apesar de nos termos via gratuita, tais alimentos dentro de nossos presídios,estes são feitos pelos próprios detentos,e não podemos confiar, pois por diversas vezes,já foram encontrados vários objetos e até animais mortos dentro das comidas,como por exemplo, semana passada,que encontramos um rato morto e já cozido dentro da pena de feijão.
Com relação as condições de trabalho, o descaso continua. A maior parte das nossas ações dentro do complexo de pedrinhas são ações de policiamento de choque , seja durante as contenções dos presos em rebeliões ou desordens por desobediência aos agentes penitenciários,seja ao adentrar os pavilhões,dentre outras ações que advêm um risco eminente de confronto, o que constantemente acontece. 
Frisei isso para enfatizar que não foi disponibilizado a nenhum policial da missão qualquer, tipo de equipamento de proteção individual que é de uso obrigatório para atividade de choque, como capacetes com viseira e caneleiras, deixando os policiais totalmente expostos ao acaso, o que já ocasionou com vários policias machucados por pedradas, pedaços de ferro e de outros objetos sólidos. 
O ambiente aqui é inóspito, há milhares de tatos circulando por todos os cômodos, lidamos diariamente com presos com as mais diferentes doenças como tuberculose, doenças de pele, dentre outras,inclusive alguns policias já contraíram doenças de pele durante a missão, sendo que um cabo teve que ser internado por uma doença cutânea a qual não tenho autorização para citar. Aqui o risco não é menor que nas ruas, pelo contrário, certifico que é bem maior,trata-se de um local onde tudo pode acontecer, fugas, confrontos, atentados, rebeliões e mortes. 
Semana passada teve uma prova de quão perigoso é este lugar, Quando uma carreta invadiu um dos presídios do complexo para concretizar uma fuga em massa, ocasião em que os policiais foram atacados por vários disparos de armas de fogo (pistola e revolver)tendo que revidar a altura em um confronto de mais de cem (100) disparos . 
Concluo, pedindo as autoridades responsáveis , que se sensibilize com a situação desses guerreiros que vem suportando a meses a carga mais árdua desse sistema depauperado e inoperante que é o estado. Queremos o mínimo de respeito e compromisso para conosco.
OBS. Infelizmente não posso me identificar porque pertenço a uma instituição em que a cultura da represália ecoa mais alto, podendo trazer uma séria de complicações a minha pessoa. Espero que entendam,e desde já deixo aqui o convite para que possam visitar os estabelecimentos prisionais e constatar tudo que foi exposto aqui.

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