quinta-feira, 11 de junho de 2020

STF presta homenagem ao ministro Marco Aurélio por 30 anos na Corte

Os 30 anos do ministro Marco Aurélio no Supremo Tribunal Federal (STF) foram registrados na quarta-feira (10) pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, no início da sessão plenária. “É com grande alegria e satisfação que fazemos essa merecida homenagem a um dos maiores magistrados da história do nosso país e de cortes constitucionais”, afirmou Toffoli.
Vindo da Justiça do Trabalho (foi ministro do Tribunal Superior do Trabalho e juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região), o ministro Marco Aurélio tomou posse no Supremo em 13/6/1990. O presidente da Corte lembrou sua trajetória desde quando ele decidiu deixar a Engenharia Civil para cursar Direito. “Quis Deus que, em vez de obras de engenharia, construísse pontes entre os homens, pontes que levam a um país melhor, a uma Justiça melhor e ao engrandecimento da magistratura nacional”.
Toffoli também lembrou a atuação do ministro Marco Aurélio no magistério do Direito e as quatro vezes em que, como presidente do STF, exerceu a Presidência da República, em razão da linha sucessória. Numa dessas ocasiões, o ministro sancionou a lei de criação da TV Justiça, marco na história do Poder Judiciário brasileiro. “Vossa excelência é, sem dúvida, uma das pessoas que mais contribuíram para a transparência do STF”, disse. Dias Toffoli recordou ainda que, no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Marco Aurélio realizou, em 1996, a primeira eleição pelo sistema eletrônico de votação.
Notável jurista
Outro ponto destacado pelo presidente do STF foi a coincidência entre o tempo do ministro Marco Aurélio no STF e a vigência da Constituição Federal de 1988, da qual “é fiel e incansável defensor, papel que desempenha com coragem, prudência, firmeza e brilhantismo”. Segundo Toffoli, o ministro é “um dos mais notáveis juristas de nosso país” e defensor irresignado do equilíbrio entre os Poderes, da independência judicial, dos direitos fundamentais e da observância irrestrita das leis e da Constituição pelos Poderes Públicos.
Coerência na dissidência
O ministro Marco Aurélio também foi lembrado pela coerência de seus entendimentos e por não hesitar em ser voto vencido ou em fazer contraponto nas deliberações. Tal postura, segundo o presidente do STF, enriquece os posicionamentos da Corte e lhes confere ainda maior legitimidade.
Para Toffoli, a dissidência do ministro Marco Aurélio tem sido propulsora da evolução do pensamento jurídico brasileiro. “É na dialética, no debate fundamentado em torno de ideias opostas, que evoluem os princípios e os conceitos jurídicos”, afirmou. Segundo o presidente, o ministro Marco Aurélio dá voz aos posicionamentos minoritários da sociedade e, com o passar do tempo, vários votos vencidos foram convertidos em teses majoritárias – como a declaração de inconstitucionalidade da proibição da progressão de regime aos condenados por crimes hediondos.
Novo olhar
O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, se associou à homenagem e disse que o ministro Marco Aurélio sempre trouxe um novo olhar sobre questões jurídicas e constitucionais importantes em sua constante dialética. “A postura de Vossa Excelência causa admiração, respeito e gratidão de cidadãos e jurisdicionados”, completou.
Fôlego democrático
Em nome dos advogados, Felipe Martins Pinto destacou a forma independente e coerente de atuação do ministro Marco Aurélio, que, a seu ver, representa um “fôlego democrático e um espírito de esperança de direitos e garantias fundamentais”. O advogado-geral da União (AGU), José Levi do Amaral, também registrou admiração e respeito ao homenageado, salientando que o ministro “sempre inspira a todos”.
Mesmo entusiasmo
Ao agradecer as palavras, o ministro Marco Aurélio afirmou que é um simples servidor de seus semelhantes. Ele contou que, diante de um processo, atua como se fosse a sua primeira decisão, “percebendo sempre que não aprecio apenas papeis, julgo destinos”, com base em sua formação técnica e humanística.
Sobre sua atuação como ministro do Supremo, afirmou que integra um colegiado em que a maioria formada tem sempre razão. “Eu aceito, porque, num colegiado, não disputo coisa alguma: apenas, num somatório de forças distintas, dou a minha contribuição”, disse. Por fim, o ministro Marco Aurélio ressaltou que continua com o mesmo entusiasmo que tinha em novembro de 1978, quando foi nomeado juiz do TRT-RJ em vaga destinada à advocacia. “Enquanto tiver a capa sob os ombros, atuarei com essa espontaneidade de sempre”, concluiu.
EC//CF

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