Na semana passada, os moradores do município de Buriti gravaram diversos vídeos de um avião despejando agrotóxicos sobre a comunidade rural do Araçá.
Segundo o presidente da Associação de Moradores, Edmilson Silva de Lima, das 80 pessoas atingidas pelos agrotóxicos, ao menos oito apresentaram sinais de intoxicação como coceira, febre e manchas pelo corpo.
André, uma das crianças atingidas, começou a sentir uma coceira persistente que não o deixava dormir, a pele amanheceu seca, com caroços e manchas vermelhas que se abriram em feridas que ficaram em carne viva.
Os moradores suspeitam que o avião foi contratado pelo produtor de soja Gabriel Introvini, que tem histórico de conflitos com comunidades da região.
Após ter conhecimento do caso, a Promotoria de Justiça da Comarca de Buriti instaurou nesta quinta-feira, 6, Notícia de Fato para apurar a pulverização de agrotóxicos na região das comunidades Carranca e Araçá, na zona rural do município, ocorrida há cerca de 15 dias e que teria atingido e causado problemas de saúde em moradores das localidades. Após o levantamento de todas as informações necessárias, adotará as providências legais cabíveis.
Como medidas iniciais da investigação, o promotor de justiça Laécio Ramos do Vale solicitou à Secretaria de Estado do Meio Ambiente esclarecimentos sobre quais empresas estão licenciadas para realizar a pulverização de defensivos agrícolas, bem como pediu a fiscalização in loco na área.
Também foram notificados o fazendeiro Gabriel Introvini e seu filho, André Introvini, proprietários da Fazenda São Bernardo, e que são apontados pela comunidade como suspeitos de terem contratado o avião que lançou o produto na área atingida.
O Ministério Público fixou o prazo de 10 dias úteis para que os fazendeiros prestem esclarecimentos por escrito sobre o caso, apresentando registros, como licença, receituário agronômico e nome dos pilotos responsáveis pela realização do serviço.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Buriti também requereu à Secretaria de Saúde do Município informações sobre as pessoas que foram atendidas com problemas de saúde em decorrência desse fato.
Para o delegado de Polícia Civil de Buriti, Josemar Lima da Rocha, o MPMA requisitou a abertura de inquérito policial, a fim de apurar a materialidade, a autoria e as circunstâncias da possível prática de crimes, ambientais ou não.
Clodoaldo Correa
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